O Instituto Geral de Perícias (IGP) concluiu o trabalho de apuração das lesões na jovem de 19 anos que afirmou ter sido marcada por três agressores com uma suástica no dia 8 deste mês. De acordo com o laudo pericial, houve lesões superficiais, contínuas, uniformes e sem profundidade em região do corpo facilmente acessível pela periciada, sugerindo que os traços podem ter sido provocados pela vítima ou com consentimento dela. Em checagem publicada no dia 11, a Caneta afirmou a mesma coisa.

“Conclui-se que a figura produzida poderia ser mais facilmente produzida com o consentimento ou com a colaboração da própria periciada, ou, alternativamente, ao menos, com marcada incapacidade dela em reagir, ainda que involuntariamente, aos estímulos que seriam esperados diante de uma agressão”, aponta o laudo.

Para a polícia, a mulher afirmou que desceu do ônibus e foi ofendida por três homens por estar com adesivos “ele não” e LGBT. Ela alega que foi segurada por dois deles enquanto um terceiro fez a marca no corpo.

Conclusões

Os peritos também destacaram que não houve consentimento da jovem em prosseguir com o exame de corpo delito na busca de outras possíveis evidências, principalmente pelo fato de que não havia elementos suficientes que indicassem um embate corporal. Ela não apresentava lesões como hematomas ou demais marcas na face, mãos e braços, sinais característicos de quem reage a uma agressão.

Os peritos indicam que houve zelo nos cortes e que os traços, muitos deles classificados como arranhões, foram feitos de forma cuidadosa e não condizentes com o ambiente descrito pela jovem. Um agressor deixaria lesões mais profundas e menos uniformes em plena rua, além de enfrentar resistência.

“Pode-se concluir que as lesões tenham sido produzidas cautelosamente, de modo a não causarem dano às camadas profundas da derme, provocando alterações apenas superficiais. Não seria esperado produzirem-se lesões como estas, com as características das que foram evidenciadas neste exame de corpo de delito, por um agressor que agisse de forma tempestuosa e demasiadamente rápida, como se esperaria que fosse o caso em situações de agressões furtivas e em ambientes adversos”, diz trecho do laudo.

Ao responder às questões iniciais apresentadas pela polícia, o IGP confirma que foi usado um objeto contundente, que pode até ter sido um canivete, e que há sinais compatíveis com lesões autoinfligidas. Não foi possível confirmar o uso de substâncias tóxicas ou até mesmo asfixia que pudessem neutralizar reações da jovem. O certo é que ela não apresentava outros tipos de marcas que indicassem imobilização.

Investigação

O laudo de número 155470/2018 foi entregue à 1ª Delegacia de Polícia da Capital, que já analisou oito imagens de câmeras de segurança, cada uma com cerca de duas horas de duração, e que tem uma lista com 20 moradores e trabalhadores da região para ouvir. Por enquanto, ninguém viu as agressões na Rua Baronesa do Gravataí e o fato não foi detectado nas imagens. A jovem foi chamada para depor novamente, mas alegou ter passado mal e não compareceu.

O delegado Paulo César Jardim, responsável pelo caso, diz que ainda não definiu um prazo para concluir a investigação e que pretende ouvir a vítima bem como vai tentar o depoimento da jornalista que divulgou o fato nas redes sociais.

Imagem do laudo pericial: marcas superficiais que muito provavelmente foram feitas pela própria jovem, como afirmou a Caneta

Com informações da GaúchaZH

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